Ventre de Fogo
Criança, Ele me chama
Parece história de novela
E por mais que tudo te surpreenda
Isso tudo soa até familiar. Não achas?
Nesse ventre de fogo
Você já virou brasa e carvão tantas vezes
Como se pudesse passar pelo nascimento ao contrário
Dando a sensação que nascimento e morte são a mesma coisa.
Mas não ha para onde fugir
A não ser que você construa outra miragem envolvente para viver por um tempo efêmero.
Nesse jardim que cultivas
Passa por todas as estações
Os mesmos galhos que um dia brotaram flores e frutos
Agora estão secos e negros servindo para atar fogo
Na fogueira que te consome e arde na pele toda
É como se a flor nascesse ao contrário também
Estas nascendo ou estas morrendo?
E de todas as coisas que derretem das paredes desse ventre criador em chamas
É uma gota persistente encandecida de lava pingando no centro do coração
Fundindo a história de amor e seu fim com dor
Tornando tudo pó, retornando tudo ao nada
Como se nascimento e morte fossem as direções opostas de um pulsar
E assim, isso que pulsa nunca deixa de existir, mesmo que não saibas definir bem o que realmente é, ou no que se transforma.
É o espelho límpido que craquela
É o chão estável que desaparece
É então que asas se abrem
E o animal de metal sai do ninho
E seu rumo é sempre desconhecido...
Mas você estará sempre se movendo pelo sopro que Eu lhe dei
Pois em você, criança do ventre de fogo, Eu sou vida
E sempre te amarei. - Tiffani Gyatso, Abril 2020
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